Exercício de tolerância
A escolha dos companheiros de viagem vai além da amizade – pequenos
detalhes podem harmonizar a convivência
Texto:
Equipe Trips & Tips e Nenad Djordjevic
Fotos:
Arquivo Trips&Tips
O
componente social encontra-se cada vez mais presente na preparação de viagens
motociclísticas. A escolha dos companheiros de viagem é tão importante quanto
os cuidados com a moto e o roteiro, pois tem potencial para acabar com o prazer
que se busca através do mototurismo.
Reunimos
algumas dicas e cuidados para considerar na escolha das pessoas com quem
dividirá experiências, bem como atitudes e gestos que tem o poder de suavizar
essas relações.
Quem vai?
Ao
começar a preparação de uma viagem, defina a quantidade de pessoas com quem
gostaria de dividir essa experiência. Viagens curtas comportam maior número de
membros, enquanto as mais longas tendem a números mais reduzidos. Considere que
quanto mais longa a viagem, mais afinado e entrosado deve estar o grupo, e como
bem sabemos, a convivência sempre é problemática porque não é possível atender
a todos os interesses simultaneamente.
Parece
óbvio, mas é preciso escolher as pessoas com quem irá dividir essa experiência
baseado no grau de afinidade que se consegue obter. Exerça cuidado porque uma
pessoa com interesses muito diferentes dos seus pode ser facilmente
administrada durante uma viagem de algumas horas ou dias, mas pode se tornar
insuportável em semanas de convivência.
Opte por
pessoas que tenham os mesmos interesses que você, de preferência, que conheça
muito bem para não ser surpreendido com atitudes antagônicas. A cada dia, mais
e mais novos laços são estabelecidos virtualmente através da internet,
merecendo cuidadosa observação. Hoje é bastante comum iniciar uma relação
virtual que depois é transportada para o mundo real. Nesses casos, é importante
que os membros do grupo tenham a oportunidade de se conhecerem pessoalmente antes
da viagem, para se certificar de que são o que representaram ser virtualmente,
e verificar como convivem em grupo.
Harmonia na estrada
Dê
preferência por motociclistas com equipamentos semelhantes ao que utiliza –
motos com capacidades similares se deslocam mais uniformemente e com menor
impacto para seus pilotos. Isso não quer dizer que motos de categorias
distintas não possam viajar juntas, mas que isso
cria uma dificuldade a mais para administrar, uma vez que o ritmo tem que ser
compatibilizado para atender a todos. Da mesma forma, pilotos com experiências
e estilos de pilotagem semelhantes, tendem a se deslocar em maior harmonia,
evitando contratempos. Se o grupo nunca viajou junto antes, é importante que as
regras de conduta em estrada sejam repassadas por todos, estabelecendo
inclusive uma linguagem de sinais que todos entendam.
Estabelecendo regras
Grupos
maiores necessitam de mais tempo para interagir, tornando-se necessário
promover várias reuniões antes da viagem, permitindo medir o grau de interação
e gerenciar possíveis e prováveis conflitos. Use essas reuniões para determinar
todos os parâmetros da viagem – desde rota, tempo de parada, pontos de
abastecimento e alimentação, até custos, equipamentos necessários e conduta na
estrada. Quanto mais detalhes conseguirem reunir, menores serão os problemas
que eventualmente terão que lidar.
É
importante que um membro do grupo seja eleito como coordenador, a quem caberá
ter a ultima palavra sobre o andamento da viagem. A pessoa escolhida terá que
ter características organizacionais, liderança e principalmente muito bom
senso. Caberá a ela distribuir as diferentes tarefas tangentes à preparação da
viagem, fazendo com que cada um dos elementos tenha uma tarefa pela qual seja
responsável, dando lhe a sensação de maior integração ao grupo. Dessa forma
evita-se a sobrecarga de apenas uma pessoa. Um dos elementos pode, por exemplo,
ser apontado para levantar todas as características de autonomia das motos do
grupo, e traçar a estratégia de abastecimento. Outro pode cuidar da logística
que envolve a alimentação, e ainda, pode ser determinada uma pessoa para cuidar
dos roteiros turísticos em diferentes pontos da viagem. Essa distribuição de
tarefas já poderá indicar o grau de disposição de cada integrante, e também
será possível verificar com que intensidade cada membro abraça a idéia da
viagem em grupo, podendo-se fazer previsões comportamentais.
Franqueza e tolerância são fundamentais
É de
vital importância que a linguagem adotada seja sempre de cordialidade e
companheirismo, evitando o excesso de brincadeiras. Uma amizade muito próxima
gera liberdades que em uma convivência mais estreita pode facilmente
comprometer o bom andamento. É preferível adotar uma postura de interação como
se fossem todos colegas recentes. Alimente entre os integrantes a idéia
de ouvir as necessidades dos outros e principalmente exercer extrema tolerância
às diferenças. Todos os elementos têm que se comprometer com a união do grupo,
descartando, sempre que possível, programas individuais que de alguma forma o
segreguem. O compromisso deve perdurar até o termino da viagem – próxima a seu
final, normalmente eleva o nível de ansiedade dos membros, podendo acarretar
alguns individualismos, daí a importância do assunto ser tratado logo nas
primeiras reuniões.
Uma
exposição sincera e clara de suas pretensões – o que deseja obter dessa viagem
– deve ser feita logo nos primeiros contatos por todos os envolvidos, não deixando
margem para discussões que aleguem desconhecimento no meio da viagem. Discutam
também pormenores como o que será feito se uma das motos quebrar ou alguém se
acidentar. O grupo como um todo, deve decidir os procedimentos corretos para
cada situação visando sempre o bem estar da maioria. Todos os indivíduos devem
ser encorajados a dar ciência de suas expectativas e necessidades, para que de
antemão possa se planejar a respeito ou então declinar frente a impossibilidade
de atendimento. Dessa forma ninguém sairá arrependido porque as coisas tomaram
um rumo inesperado.
Conflitos
pessoais devem ser imediatamente tratados e esclarecidos, de forma a não
contaminarem mais ninguém. Caso seja necessário, um mediador pode tomar as
rédeas da situação para apaziguar os ânimos, sempre tendo como objetivo a
reintegração do grupo.
A
experiência nos mostrou – e continua mostrando em todas as viagens – que quanto
mais sinceros são os membros referentes às suas necessidades e objetivos, mais
fácil se torna sua interação e satisfação de expectativas. Aproveitem!
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